25.3.13

you took my pain away

Sinceramente? Não sei por onde começar. Eu costumava escrever muito, e todos vocês sabem isso, mas parece que o meu gosto pela escrita se perdeu nesta longa jornada. 
Dentro de um mês, poderemos dizer que já se passaram dois anos certinhos desde que levantei voo da vossa ilha. Bem, honestamente, poderíamos dizer que daqui a um mês se completam dois longos e duros anos dos quais retiro muita depressão, não é assim mousie mouse? "A criatura deprimida", dizia ele. Ironicamente, tornou-se o nome mais adequado para a minha pessoa nestes dois anos, ao longo dos quais eu fui batalhando contra mim mesma vezes e vezes sem conta. No entanto, eu ultrapassei tudo isso já há alguns meses. Meio ano, talvez, direi eu. Desde então, tenho andado bastante melhor, embora tenha alguns ataques de melancolia de vez em quando, mas que me dizem vocês? Estou bem melhor, hum? Pois pessoal, trago-vos as novas: nada disto seria possível sem vocês. Eu bem gostava de saber demonstrar-vos cada pedacinho daquilo que sinto por vocês, mas acabaria por escrever um texto como muitos outros que andam por aí espalhados e que acabam por não dizer nada. 
Hoje quero inovar, e para começar, quatro nomes estarão para aqui envolvidos. Quatro grandes pessoas, nomes completamente distintos, mas pertencem todos a grandes pessoas que abdicaram várias vezes do seu tempo para me ouvir ou aturar. Sim, eu sei que não sou fácil de entender, apesar de todo o esforço que vocês puseram para o fazer. Também sei que sou extremamente irritante, sim eu sei. E também sei que tudo isso não é por mal. Eu tornei-me assim ao longo do tempo e mesmo assim, vocês aguentaram o pior de mim. Eu cometi inúmeros erros, eu gritei convosco várias vezes, chorei umas outras enquanto falava convosco, mas a culpa nem era vossa. Ainda assim, mesmo que houvessem umas ou outras discussões, vocês nunca me deixaram sem um único alicerce. A Sara é um grande exemplo. Por muito que a tensão aumentasse, havia sempre uma gargalhada que nos fazia ver que era impossível discutirmos uma com a outra, isto é, enquanto estávamos na presença uma da outra, claro. Depois do oceano se ter tornado o nosso maior obstáculo, tudo mudou. Quantas vezes nos perdemos no meio de palavras cruéis mesmo? Nunca suficientemente cruéis, parece-me. É óbvio que também nunca quis que assim fosse, mas no fundo, nunca nos deixámos, ou estarei errada? A culpa consome-me de cada vez que penso nas vezes em que te julguei... Sem querer, deixava-me levar pelo que os meus próprios erros me causavam e... Pois. A mágoa era maior ainda por te ter deixado e hoje arrependo-me de tudo isso, mas mesmo assim, nunca deixaste de estar lá para mim, ainda que estivesses a milhas de distância e não sabes o quão grata te estou hoje por isso.
E tu Beatriz? Explica-me como te pudeste tornar tão presente assim? Verdade seja dita, nós mal nos conhecíamos e só nos vimos uma única vez. Acho que foi para valer, uma vez que ainda que com milhas a separar-nos, estamos sempre juntas. Começou por rafeira, acabou em estrela. Acompanhas os meus dias como se de uma irmã te tratasses. Bem, também não te falta muito para isso, verdade? Só mesmo o sangue... Um ano e meio já lá vai e a minha rotina já não é lá grande coisa sem as constantes mensagens que me mandas diariamente. Tu, principalmente, aguentaste com todos os minutos mais difíceis que ultrapassei durante este tempo todo. Aos olhos de um qualquer um, parece pouco, mas só nós sabemos como se parece uma eternidade! Não sei como aguentas tanto toledo, nem tanta confusão junta há já tanto tempo, mas esquece, mesmo que tentasses explicar, não iria entender. Aliás, eu não consigo entender como vocês aguentaram tanto durante tanto tempo sem qualquer tipo de recompensa. Sim, eu também consigo ser egoísta por vezes, eu sei meninos. Mas bem, a tal eternidade, que se torne ainda mais eterna, porque eu mal posso esperar pelo que virá para o nosso futuro e não façamos da distância problema, como nunca fizemos até hoje. Vamos continuar a tentar ser diferentes, promete-me! Tal como eu e a Fabiana, sabes? Oh, claro que temos aqueles tempos em que ficamos sem falar uma com a outra, mas para dizer a verdade, o tempo em que estamos presentes na vida uma da outra vale bem mais que o resto. Pode não ser muito, não minto, mas vale muito para mim. As taras que ela já me aturou. Posso ter pena de ti? Porque acredita miúda, eu não entendo a tua incrível paciência! Ainda há pouco tempo te recordei o quão forte és. Porquê? Então... Porque desde que a minha vida virou a completa confusão, foste sempre tu que de vez a vez me recordaste o quão forte também eu fui durante este percurso. Modéstia à parte, evidentemente. Não, eu não te digo o que tu realmente és por dizer. Eu digo-o porque acredito em ti e sei que a fase que estás a passar não é fácil, nada fácil aliás. Por isso mesmo estou aqui eu, para te apoiar em tudo o que necessitares, porque eu não vou a lado nenhum, independentemente do tempo que poderemos ficar sem falar. Eu vou permanecer aqui, sempre, e já te disse isso, tal como tu permaneceste por mim em qualquer tipo de estado em que eu pudesse estar. Não deixes que nada te deite a baixo, princesa! Segue os teus próprios conselhos! Sim, aqueles todos que tu me deste incansavelmente. 
Mousie mouse, mousie mouse, mousie mouse... Faltas tu. Oh meu Deus, o que seria de mim hoje sem ti? Sejamos credíveis, porque eu sem ti, a esta hora bem me teria atirado duma ponte, possivelmente. Not even kidding. De todos estes quatro nomes, tu foste sem dúvida um dos mais influentes, não querendo desfavorecer os outros. Tu levaste várias vezes com as dificuldades com que me deparei neste longo caminho, Rodrigo. Podiam ser duas da manhã dum dia útil, tu estavas lá presente, nem que respondesses horas depois, acabavas sempre por me responder, sempre com algo sábio para dizer. Ajudaste-me como ninguém e não imaginas nem se quer um pouco do quão grata te estou. Parecendo que não, tu aos poucos foste-me levantando das consequências que as piores situações da minha vida me trouxeram e mais uma vez, parecendo que não, tu tiraste-me duma longa depressão. Incrível e irónico como estavas tão certo no dia em que me conheceste! 
Enfim, eu não sei da vossa parte, mas sei que no que depender de mim, não vos deixo partir de mim nem tão cedo. Apesar de ainda não haver uma ponte que nos ligue, eu nunca vos vou deixar, mesmo que vocês me peçam para tal, porque pronto, eu sou chata a esse ponto. Nunca vos irei conseguir agradecer o suficiente, mas vou aprender uma maneira, assim como aprendi mil e uma maneiras de enfrentar os meus problemas de cabeça erguida, de ombros direitos, calma e de diferentes perspectivas, convosco. Obrigada.